sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Crónica Idea.es

Sentir como um futebolista tem uma recaída emocionada nos meus braços, chorando como se fosse uma a criança que tanto desejamos ajudar, foi uma das experiências mais valiosas da minha carreira de jornalista. Ocurria esta sexta-feira, depois da conferência de imprensa que Carlos Martins, o jogador português do Granada, entoou em voz quebrada para pedir ao mundo que doe sangue para encontrar a cura para o seu pequeno e para tantos outros que desde o anonimato sofrem o mesmo calvário. Juande Ruiz, membro do clube, teve a gentileza de guiar um grupo de colegas do IDEAL, onde eu estava, para nos encontrarmos na privacidade dos escritórios da entidade com o desportista a um fio da depressão. Queríamos ter um detalhe para com ele, fazer-lhe uma prenda que lhe desse força. Com uma capa onde predominava uma foto sua, abraçado ao seu pequeno Gustavo. Um golpe de ânimo, acompanhado com grande parte dos mensagens, que pessoas de todo o planeta, seguidores do futebol ou não, haviam deixado através das redes sociais mediante a conversa #todosconMartins, que apadrinhamos desde o nosso meio.
Fomos acompanhados por uma câmara, que iria imortalizar o momento a entrega, a um ser humano que imaginariamos entristecido. O seu afundamento deixou-nos encolhidos. Quando lhe mostrei o quadro, Martins lançou-se a abraçar-me entre lágrimas, como se fosse um familiar próximo. Um gesto de carinho face a um desconhecido deixou-me vislumbrado. O luso deu-nos mil obrigados com o seu choro cerrado e nós, transmitimo-lhe todo o nosso carinho que da nossa parte podíamos. Como é óbvio, essas imagens não vão ver a luz. Não é necessário o reflexo dum momento tão singular e íntimo. Eu conto-vos, para que entendam pelo que está atravessar esta pessoa, um drama que afecta muitas famílias e que graças ao problema do filho de Martins podem também alcançar a solidariendade das pessoas.
No dominho há jogo, e quer jogar apesar de tudo. Não há dúvida que Fabri vai ter qualquer debate técnico. Frente ao Mallorca, o Granada actuará com Martins e mais dez.
Não há dúvidas, desde que ele aprove. Entenderão os seus companheiros e será apoiado pelos adeptos que entoarão o seu nome e aplaudirão exaustivamente cada vez que el toque na bola, como se fosse indiscutivelmente a estrela. Los Cármenes tem que ser uma referência passional para motivar um dos seus. No estádio também haverá departamentos para que o público possa verificar quem é apto para doar. Martins, que transporta o número 17, será homenageado pelos adeptos durante esse número de minuto no jogo. Todos devemos entrar com Martins, com a sua mulher e com Gustavo. Momentos como o do nosso abraço fazem com que mereça a pena levantar-se para trabalhar todos os dias.


A citação acima, logicamente traduzida, foi relatada pelo jornalista do Ideal.es que entregou um livro ao Carlos com mensagens escritas pelas pessoas que participaram na campanha #TodosconMartins

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